Desafios da Inovação: o diferencial dos veículos financiados pelo Google
Doze projetos jornalísticos brasileiros foram selecionados para receber até R$ 1 milhão
No final do ano passado, o Google
News Initiative (GNI) anunciou os vencedores do Desafio da Inovação. O
programa, voltado para o jornalismo na América Latina, tem como objetivo
desenvolver modelos sustentáveis de negócio e incentivar a criação de novos
produtos e formatos de publicação dentro do ambiente digital.
O Brasil foi o principal país
contemplado na região, com 12 premiados (veja aqui a relação completa). Cada um deles vai receber até R$ 1
milhão de financiamento para tirar do papel suas ideias. Mas o que atraiu a
atenção do Google nesses veículos? Conheça a seguir o diferencial das propostas
vencedoras e saiba que tipos de projetos jornalísticos têm inspirado o
investimento de grandes players.
Engajamento e novas plataformas
O projeto Reload, fruto de uma
parceria entre dez organizações, foi selecionado por propor a criação de uma
“redação de vídeos” colaborativa que engaje jovens adultos no consumo de
notícias. O Estadão é outro vencedor que quer atrair o público mais jovem, só
que através da gamificação de seu conteúdo e um sistema de recompensas para
quem permanecer consumindo suas informações.
Apostando no audiovisual, a
revista Piauí irá adaptar suas matérias para plataformas de vídeo on demand. O Grupo Bandeirantes, por sua vez, propôs o desenvolvimento
de um sistema que capte o sinal de suas emissoras de rádio e TV, para
transformar esse conteúdo em mídia digital a ser editado e relançado
rapidamente em seus sites e apps. Já o projeto do jornal O Globo é aumentar o
engajamento dos seus leitores e o seu número de assinaturas a partir da oferta
de conteúdo personalizado por inteligência artificial.
O que esses projetos têm em
comum? A busca pela retenção de um público consumidor, sobretudo os mais
jovens, que tendem a ser mais dispersos e ter diversas fontes de informação e
entretenimento. Outro aspecto que se repete nesses projetos é a utilização da
tecnologia em benefício da otimização de processos, da criação de novas
plataformas e da personalização de conteúdo.
Combate à desinformação
Para facilitar o trabalho de
apuração dos jornalistas, a Abraji irá desenvolver uma ferramenta gráfica que
permitirá o cruzamento de informações. Já o sistema automatizado de checagem de
fatos do Jornal do Commercio, também selecionado pelo GNI, tem o objetivo de
dar a qualquer cidadão o poder de verificar se um conteúdo é verdadeiro ou
falso. A ferramenta que o grupo Aos Fatos propôs, por sua vez, terá
financiamento para monitorar e analisar em tempo real notícias falsas que sejam
propagadas e os seus desdobramentos na sociedade.
Em comum entre esses três
projetos: a valorização da checagem de fatos e, consequentemente, a tentativa
de redução das fake news, fenômeno que assolou a vida política de diversos
países, incluindo o Brasil. O combate à desinformação sem dúvida é uma causa
que será preocupação de grandes players do mercado nos próximos anos.
Questões sociais, políticas e
econômicas
O grupo AzMina foi selecionado
com a proposta de desenvolver uma base de dados que, com o auxílio de robôs,
irá monitorar como os políticos votam no congresso brasileiro e o impacto das
leis que aprovam, sobretudo com relação aos direitos femininos. Outro projeto
ganhador é o do Congresso em Foco, que fornecerá aos jornalistas e à população
uma ferramenta com informações atualizadas e acessíveis sobre os parlamentares.
A Associação Desenrola também foi
contemplada para criar uma plataforma que distribuirá conteúdo jornalístico
sobre territórios da periferia paulista, conectando os leitores com informação
online e offline. Por último, o grupo Jota será financiado para desenvolver uma
ferramenta que, com o apoio de machine learning e ciência de dados,
trará maior clareza sobre tributações e antecipará prováveis resultados em
processos fiscais.
O que une esses projetos? A
preocupação com questões sociais, políticas e econômicas que têm recebido cada
vez mais atenção. A luta por espaço e direitos igualitários, a necessidade de
maior fiscalização do governo e transparência de informações à população também
são projetos que despertam o interesse de grandes corporações.
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